Depois de pular o muro e correr por uns três quarteirões, parei e pensei 'podia ter morrido no mesmo instante em que abri e gritei', mas como já havia passado, voltei a deitar. Não mais consegui dormir, virava e rolava o tempo todo na pequena cama de madeira. Levantei, tomei um copo de água com açúcar para ver se acalmava, em vão.
Horas depois peguei no sono novamente, acordei as sete horas da manhã e fui trabalhar como se nada tivesse acontecido. E assim tem sido, durante os últimos anos de minha vida.
Hoje, tenho 76 anos, e ainda não consegui descobrir o que haveria perturbado minha noite de sono.
[Rafael Xereta]